sábado, 4 de setembro de 2010

Do Blog da Associação Maluco Beleza, de 03/09/2010

E

PSICOSE, DROGAS E DITADURA

O belo e o verdadeiro.
A poesia e a ciência...
Os relatos que fazemos, sobre tudo o que rola neste grupo: drogas, psicose, ditadura, etc., são relatos de personagens reais, que dignificam o ser humano. Muitos desapareceram, sumiram da vida. Outros não morreram, porém... não existem mais. Vagam pela vida, destruídos psicologicamente, perdidos, andando, de lá prá cá, sem eira nem beira. Uma energia vital, que um dia, existiu, mas, que foi-se apagando, se apagando, até sua destruição total.
Como não se pensar no psicótico? Como não se pensar no usuário, pesado, de drogas? Como deixar de pensar no crack? O que sobra para eles? NADA, salvo a medicação ou... uma pedra e, talvez, algum envolvimento nosso, mas, como sempre, muito exíguo, pequeno, insuficiente, querendo ajudar, mas, absolutamente impotentes pela situação, tão acima das nossas possibilidades e das nossas forças. Como uma erupção vulcânica, trágica e destruidora, mas, ao mesmo tempo, deslumbrante e bela. É assim que vemos a doença mental grave e, é assim que vemos, também, o crack. Uma erupção humana, fantástica, sem limites, incontrolável e, no mesmo instante, bela e trágica, tão próxima de nós e, ao mesmo tempo, tão distante, mas, verdadeira e humana, demasiadamente humana. Talvez, a fuga, o escape, a forma de esquecer a dor, a angústia e o desespero dos inconformados, dos desesperados, dos que sonham e dos que deliram, dos que procuram em vão, uma saída desse mundo cinza, medíocre onde são obrigados a viver. Sem crenças, sem acordos, sem intermediários, sem negociar com ninguém sua possível salvação. Felicidade? Afinal, o que é isso? Serve para que? Ser feliz ou infeliz, nada mais é, do que uma sensação, nada mais. O que nos destrói é a nossa própria culpa e, em razão dela, esse voluntarismo exacerbado em querer salvar nosso semelhante, qualquer semelhante. Lamentável, apenas, é que a droga ou a psicose, acabem por anestesiar tudo o que de mais forte e revolucionário existe dentro do jovem: SUA INDIGNAÇÃO, a “energia da indignação”, apontada por Reich. Ajudar é o que desejamos, mas, como, se não estamos nas mesmas condições deles? Só com nossas intenções, vontades e desejos? Será que eles poderia encontrar junto de nós, a salvação? Será? Quem somos nós, que nada sabemos? Como minorar esse sofrimento, que só encontra saída, na psicose e na droga? Será a ciência a salvação deles? A medicina, a psiquiatria, a psicologia e todas as demais “logias” serão o caminho da salvação? Será? Será que torná-los hipocondríacos os libertará, os salvará? Essas preocupações são apenas nossas, não são deles. Eles querem, apenas, viver. Será que a medicina tem amor ao próximo ou, seu amor é dedicado somente à ciência, como muitas pessoas que amam, mas não, ao seu semelhante, amam somente o amor? Quantos anos levamos para morrer? Quem sabe? Eu já levei 77 e, estou ainda, por aqui.

Que o humor e a solidariedade, jamais nos abandonem.

O que é mais importante, o belo ou, o verdadeiro?

A poesia, ou a ciência?

Geraldo

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