segunda-feira, 18 de julho de 2011

COMPARTILHANDO DO BLOG TERAPIA OCUPACIONAL, DA ÉRIMA DE ANDRADE

domingo, 17 de julho de 2011
Por que fazer terapia?
O que leva alguém a buscar uma terapia, ou qualquer outro trabalho de autoconhecimento?

Todos buscam a mesma coisa, mesmo que não tenham clareza da resposta: independência emocional. Buscam uma maneira de pensar sobre a própria vida e de compreender seus processos internos para conquistarem a independência emocional. Buscam ser mais felizes.

Mas um terapeuta não tem as respostas. Todas as respostas são internas e pessoais. Hermann Hesse define muito bem essa impossibilidade de receber respostas do outro:

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo".

Fátima A. Bittencourt explica assim por que conhecer a si mesmo:

“Por mais que pareça que os outros escolhem nossos caminhos, sempre tem uma permissão nossa para isso acontecer. Se não existe uma satisfação para onde estes caminhos estão levando é hora de repensar os erros que se repetem e as virtudes que não estão sendo praticadas.

Chamamos esse novo caminhar de autoconhecimento. Esse é o chão que sustenta o caminho escolhido e a base da própria vida. A sabedoria é o que praticamos com o autoconhecimento que adquirimos, e ela é que abre os caminhos para que possamos ser felizes.”

Mas os caminhos só se abrem quando temos a coragem, e ousadia, de viver no momento presente. Segundo Schopenhauer a consequência da fuga do presente é a insatisfação eterna dos que não valorizam o que possuem, desejando sempre coisas distantes. Quando conseguem o que querem, essas pessoas passam imediatamente a desejar outras coisas ainda mais difíceis.

Heloisa Capelas completa: “Outra consequência da fuga do presente é a incapacidade de tomar decisões no momento certo. As pessoas esquecem do que está acontecendo nesse exato momento, só valorizam algo depois que o perdem. Quem só pensa no futuro desaprende a interagir com as coisas que estão diante de seus olhos.”

Solidez é o que conquistamos vivendo o momento presente. Segundo Thich Nhat Hanh:

“Solidez torna possível a nossa felicidade. Alguém que não é estável, alguém que não é sólido não pode ser uma pessoa feliz. Quando você é sólido, as pessoas podem confiar em você. Quando seu amado é sólido, você pode confiar nele. Portanto solidez é algo que você pode oferecer à pessoa que ama, como o frescor.”

Como terapeutas, ou professores de autoconhecimento, podemos oferecer a solidez, podemos ajudar a tornar visível o que esta inconsciente, ajudar a repensar os erros que se repetem, a lembrar o que estão vivendo nesse exato momento, podemos oferecer nossa disponibilidade para ajudar, para ampliar seu campo de visão. Como diz Arthur Schopenhauer: “Todo o homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo.” E algumas vezes esse mundo fica muito pequeno e sem graça.

Podemos sim estar perto, mas não podemos resolver. Explica Peter Pál Pelbart:

“Mas os anjos não são deuses. Eles não podem tudo (...)

Os anjos não podem mudar a face do planeta nem dirigir o curso do mundo. No máximo podem tornar mais leve o fardo de uma ou outra vida, de um ou outro momento de uma vida ou outra.

Um pouco como um terapeuta: essa disponibilidade para ouvir, para tocar, essa presença discreta que pode às vezes suscitar um novo começo – mas também essa impotência para determinar, para resolver, para viver no lugar de.”

O caminho é só seu, mas conte sempre com a nossa ajuda. Por mais difícil que seja acreditar, toda noite escura tem um fim brilhante. Regina Saraceni explica:

“É assim mesmo... antes do amanhecer... a escuridão é grande, mas chegam os raios de luz, trazendo vida para nossos corações. Existe até uma meditação assim, você se levanta antes do Sol nascer, se posiciona em direção ao nascimento dele, senta-se confortavelmente e respira calma e profundamente, prestando atenção na sua respiração. E observa... num momento a luz se faz.”

Não é mágico, algumas vezes não é rápido, mas sempre vale à pena.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Lançamento do livro do Aidê: uma honra pra Aldeia!

No dia 15/7, sexta-feira, às 10 horas, o Aidê estará em Pouso Alegre, no CAPS, para lançar seu livro:
"Lendas no cotodiano humano do bicho de sete cabeças",
quando conversará informalmente com quem aparecer por lá!

O endereço é Rua Anísio de Paiva, 132 - Nova Pouso Alegre (pertinho da Av Vicente Simões).

Vai lá!

domingo, 10 de julho de 2011

UBUNTU: “Sou quem sou, porque somos todos nós”

UBUNTU
Giuliana Capello, blog Gaiatos e Gaianos

Não, não, este post não vai tratar de software livre. O tema da vez é o Ubuntu nascido na África, gerações e gerações antes de nós, como uma filosofia ou um conjunto de valores éticos que não cabe numa única definição – porque é mais fácil entender com o coração e não como um apanhado de palavras bem articuladas.

Dia desses recebi um email que despertou minha curiosidade em saber um pouquinho mais sobre essa história de nome engraçado. A mensagem relatava uma brincadeira que teria sido promovida por um antropólogo durante suas pesquisas numa tribo africana. Diz a história que ele havia deixado debaixo de uma árvore um bonito cesto de doces comprados na cidade. Então, ele chamou as crianças e propôs uma corrida até as guloseimas. Quem chegasse primeiro ficaria com o prêmio. Mas, para sua surpresa, quando ele disse “já!”, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à arvore dos doces. Quando chegaram lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem, felizes. O antropólogo, então, perguntou por que elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ter ficado com tudo e, assim, comeria muito mais doces. E as crianças simplesmente responderam: “Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”
Entendeu o que é Ubuntu? Talvez você, tanto quanto eu, ainda tenha dúvidas e fique inseguro ao tentar explicar a alguém o que é, afinal, Ubuntu. Apesar disso, o espírito dessa prática filosófica, digo por mim, tocou-me profundamente. Ubuntu significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós”. É bonito, não?
Ubuntu fala sobre a noção de comunidade que, infelizmente, muitos de nós perdemos pelo caminho, em algum momento. É aquele sentimento de solidariedade, gentileza, respeito, tolerância e pertencimento que faz das relações, atitudes e comportamentos humanos experiências ricas, únicas, transcendentais.
Para o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, Ubuntu é um dos presentes da África ao resto do mundo. Envolve hospitalidade, cuidado com os outros, ser capaz de dar um passo a mais pelo bem dos outros. “Acreditamos que uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas, que minha humanidade está vinculada indissoluvelmente à sua. Quando desumanizo você, inexoravelmente me desumanizo. O ser humano solitário é uma contradição em termos, portanto, trabalhe para o bem comum porque sua humanidade vem de sua própria pertença”, diz ele.
Quando penso agora na minha comunidade na ecovila Clareando, sinto-me renovada ao sentir o quanto sou mais feliz hoje por fazer parte dela e ser capaz de entender com todos os meus sentidos o que é essa tal qualidade de pertença ou pertencimento, de sentir-se parte de algo, sempre junto com outras pessoas. Para mim, o que falta à humanidade hoje para atravessarmos as crises socioambientais é justamente essa palavrinha: Ubuntu. É claro que não sou a única a pensar assim, não estou sendo muito original, na verdade. Várias lideranças mundiais já se referiram ao conceito de Ubuntu para falar das carências de um conjunto de qualidades humanas deixadas para trás, tão equivocadamente. Bill Clinton já discursou sobre Ubuntu, assim como Nelson Mandela. Em poucas palavras, Ubuntu conecta os seres humanos, destrói a indiferença diante da dor do outro, incorpora a troca de sorrisos com o vizinho como um indicador de bem-estar, saúde e qualidade de vida.
E tenha certeza: a solidão que muitas pessoas sentem como uma angústia profunda é falta de Ubuntu, desse algo que nos acolhe como uma lareira em dias frios. Nas palavras usadas pela Fundação Tutu na Inglaterra (vale a pena visitar o site e ler mais sobre o assunto), nós apenas podemos ser humanos quando estamos juntos. Esse é o único jeito.


Fonte da foto: dignow.org

UBUNTU PRA VOCÊS!

UBUNTU
Giuliana Capello, blog Gaiatos e Gaianos

Não, não, este post não vai tratar de software livre. O tema da vez é o Ubuntu nascido na África, gerações e gerações antes de nós, como uma filosofia ou um conjunto de valores éticos que não cabe numa única definição – porque é mais fácil entender com o coração e não como um apanhado de palavras bem articuladas.

Dia desses recebi um email que despertou minha curiosidade em saber um pouquinho mais sobre essa história de nome engraçado. A mensagem relatava uma brincadeira que teria sido promovida por um antropólogo durante suas pesquisas numa tribo africana. Diz a história que ele havia deixado debaixo de uma árvore um bonito cesto de doces comprados na cidade. Então, ele chamou as crianças e propôs uma corrida até as guloseimas. Quem chegasse primeiro ficaria com o prêmio. Mas, para sua surpresa, quando ele disse “já!”, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à arvore dos doces. Quando chegaram lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem, felizes. O antropólogo, então, perguntou por que elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ter ficado com tudo e, assim, comeria muito mais doces. E as crianças simplesmente responderam: “Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”
Entendeu o que é Ubuntu? Talvez você, tanto quanto eu, ainda tenha dúvidas e fique inseguro ao tentar explicar a alguém o que é, afinal, Ubuntu. Apesar disso, o espírito dessa prática filosófica, digo por mim, tocou-me profundamente. Ubuntu significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós”. É bonito, não?
Ubuntu fala sobre a noção de comunidade que, infelizmente, muitos de nós perdemos pelo caminho, em algum momento. É aquele sentimento de solidariedade, gentileza, respeito, tolerância e pertencimento que faz das relações, atitudes e comportamentos humanos experiências ricas, únicas, transcendentais.
Para o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, Ubuntu é um dos presentes da África ao resto do mundo. Envolve hospitalidade, cuidado com os outros, ser capaz de dar um passo a mais pelo bem dos outros. “Acreditamos que uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas, que minha humanidade está vinculada indissoluvelmente à sua. Quando desumanizo você, inexoravelmente me desumanizo. O ser humano solitário é uma contradição em termos, portanto, trabalhe para o bem comum porque sua humanidade vem de sua própria pertença”, diz ele.
Quando penso agora na minha comunidade na ecovila Clareando, sinto-me renovada ao sentir o quanto sou mais feliz hoje por fazer parte dela e ser capaz de entender com todos os meus sentidos o que é essa tal qualidade de pertença ou pertencimento, de sentir-se parte de algo, sempre junto com outras pessoas. Para mim, o que falta à humanidade hoje para atravessarmos as crises socioambientais é justamente essa palavrinha: Ubuntu. É claro que não sou a única a pensar assim, não estou sendo muito original, na verdade. Várias lideranças mundiais já se referiram ao conceito de Ubuntu para falar das carências de um conjunto de qualidades humanas deixadas para trás, tão equivocadamente. Bill Clinton já discursou sobre Ubuntu, assim como Nelson Mandela. Em poucas palavras, Ubuntu conecta os seres humanos, destrói a indiferença diante da dor do outro, incorpora a troca de sorrisos com o vizinho como um indicador de bem-estar, saúde e qualidade de vida.
E tenha certeza: a solidão que muitas pessoas sentem como uma angústia profunda é falta de Ubuntu, desse algo que nos acolhe como uma lareira em dias frios. Nas palavras usadas pela Fundação Tutu na Inglaterra (vale a pena visitar o site e ler mais sobre o assunto), nós apenas podemos ser humanos quando estamos juntos. Esse é o único jeito.

Foto retirada do carlitolimablog.blospot.com

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Cartas a Théo, Vincent Van Gogh

"O que é desenhar? Como o conseguiremos? é a ação de abrir-se um caminho através de um muro de ferro invisível, que parece encontrar-se entre o que sentimos e o que podemos. como atravessar esse muro, já que de nada serve golpeá-lo com força? Devemos minar este muro e atravessá-lo à base de lima e, no meu entender, lentamente e com paciência. e é assim que poderemos continuar assíduos neste trabalho, sem nos distrairmos, a menos que não ponderemos e não arranjemos nossas vidas segundo nossos princípios. e isto vale tanto para as coisas artísticas quanto para as outras. e a grandeza não é uma coisa fortuita, ela deve ser desejada. determinar se os atos de um homem devem conduzi-lo aos princípios, ou os princípios aos atos, esta é uma coisa que me parece difícil de saber, e que vale tanto a pena quanto saber primeiro quem nasceu primeiro, se a galinha ou o ovo. mas considero como uma coisa positiva e de grande importância que nos esforcemos em desenvolver nossa energia e nosso pensamento".
(desenho retirado do vangogh-desenhoepintura.arteblog.com.br

Ubuntu

Equipe nova se conhecendo, trazendo novas vivências, somando forças, criando laços...UBUNTU!
(texto da Giuliana Capello, do blog Gaiatos e Gaianos)

Não, não, este post não vai tratar de software livre. O tema da vez é o Ubuntu nascido na África, gerações e gerações antes de nós, como uma filosofia ou um conjunto de valores éticos que não cabe numa única definição – porque é mais fácil entender com o coração e não como um apanhado de palavras bem articuladas.

Dia desses recebi um email que despertou minha curiosidade em saber um pouquinho mais sobre essa história de nome engraçado. A mensagem relatava uma brincadeira que teria sido promovida por um antropólogo durante suas pesquisas numa tribo africana. Diz a história que ele havia deixado debaixo de uma árvore um bonito cesto de doces comprados na cidade. Então, ele chamou as crianças e propôs uma corrida até as guloseimas. Quem chegasse primeiro ficaria com o prêmio. Mas, para sua surpresa, quando ele disse “já!”, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à arvore dos doces. Quando chegaram lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem, felizes. O antropólogo, então, perguntou por que elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ter ficado com tudo e, assim, comeria muito mais doces. E as crianças simplesmente responderam: “Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”

Entendeu o que é Ubuntu? Talvez você, tanto quanto eu, ainda tenha dúvidas e fique inseguro ao tentar explicar a alguém o que é, afinal, Ubuntu. Apesar disso, o espírito dessa prática filosófica, digo por mim, tocou-me profundamente. Ubuntu significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós”. É bonito, não?

Ubuntu fala sobre a noção de comunidade que, infelizmente, muitos de nós perdemos pelo caminho, em algum momento. É aquele sentimento de solidariedade, gentileza, respeito, tolerância e pertencimento que faz das relações, atitudes e comportamentos humanos experiências ricas, únicas, transcendentais.

Para o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, Ubuntu é um dos presentes da África ao resto do mundo. Envolve hospitalidade, cuidado com os outros, ser capaz de dar um passo a mais pelo bem dos outros. “Acreditamos que uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas, que minha humanidade está vinculada indissoluvelmente à sua. Quando desumanizo você, inexoravelmente me desumanizo. O ser humano solitário é uma contradição em termos, portanto, trabalhe para o bem comum porque sua humanidade vem de sua própria pertença”, diz ele.

Quando penso agora na minha comunidade na ecovila Clareando, sinto-me renovada ao sentir o quanto sou mais feliz hoje por fazer parte dela e ser capaz de entender com todos os meus sentidos o que é essa tal qualidade de pertença ou pertencimento, de sentir-se parte de algo, sempre junto com outras pessoas. Para mim, o que falta à humanidade hoje para atravessarmos as crises socioambientais é justamente essa palavrinha: Ubuntu. É claro que não sou a única a pensar assim, não estou sendo muito original, na verdade. Várias lideranças mundiais já se referiram ao conceito de Ubuntu para falar das carências de um conjunto de qualidades humanas deixadas para trás, tão equivocadamente. Bill Clinton já discursou sobre Ubuntu, assim como Nelson Mandela. Em poucas palavras, Ubuntu conecta os seres humanos, destrói a indiferença diante da dor do outro, incorpora a troca de sorrisos com o vizinho como um indicador de bem-estar, saúde e qualidade de vida.

E tenha certeza: a solidão que muitas pessoas sentem como uma angústia profunda é falta de Ubuntu, desse algo que nos acolhe como uma lareira em dias frios. Nas palavras usadas pela Fundação Tutu na Inglaterra (vale a pena visitar o site e ler mais sobre o assunto), nós apenas podemos ser humanos quando estamos juntos. Esse é o único jeito.